5 Fluência: resgate histórico
Diferentes terminologias relacionadas ao termo fluência são encontradas na literatura. Fluência tecnológica (DEMO, 2008; PAPERT e RESNICK, 1995), Fluência com tecnologias (KAFAI et al., 1999), Alfabetização Digital (TAKAHASHI, 2000), proficiência com as tecnologias (OLCOS, 2012), Alfabetização Midiática e Informacional (WILSON, C. et al., 2013), Competência em TIC (UNESCO, 2009), Digital literacy (DIGITAL LITERACY, 2018; KARPATI, 2011), ICT Competency (UNESCO, 2011), Fluência Tecnológico-Pedagógica (MALLMANN; SCHNEIDER; MAZZARDO, 2013), Fluência digital (EDUCAUSE, 2019).
Apesar da variedade de denominações, todas denotam conhecimentos necessários para integração das tecnologias educacionais em rede nas práticas pedagógicas. A Figura 4 apresenta uma síntese do histórico da FTP.
Figura 4 – Histórico da fundamentação teórica do conceito de FTP
O conceito atual, cunhado no campo de atuação e estudos dos pesquisadores vinculados ao GEPETER, tem, portanto, suas origens embasadas no trabalho publicado por Kafai e colaboradores (1999). Trata-se do relatório oriundo de um estudo do Comitê de Alfabetização em Tecnologias de Informação (Commmittee of Information Technology Literancy), realizado pelo Conselho Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos da América (EUA).
Conforme Kafai e colaboradores (1999, p. 6-7, tradução nossa), “ser fluente é pessoal no sentido de que os indivíduos fluentes com tecnologias da informação avaliam, distinguem, aprendem e usam novas tecnologias da informação conforme apropriado para suas atividades pessoais e profissionais”. Desse modo, a fluência tecnológica corresponde “a capacidade de reformular conhecimentos, expressar-se criativamente e de forma adequada, para produzir e gerar informação (em vez de simplesmente compreendê-la)” (KAFAI, et al., 1999, p. 9, tradução nossa). No Brasil, já em 2000, por meio do Livro Verde da Sociedade da Informação (TAKAHASHI, 2000), as políticas públicas legitimam essa concepção alinhada ao trabalho de Kafai e colaboradores (1999).
No Capítulo I, inicialmente, sistematizamos princípios teóricos presentes em produções internacionais relacionadas ao intenso e permanente movimento de aprendizagem em torno das tecnologias.
As variações terminológicas demonstram que a presença ou ausência das tecnologias na educação, ao longo da história da humanidade, estão, invariavelmente, ligadas a diferentes projetos políticos, bem como a diferentes abordagens epistemológicas.
Nessa perspectiva, a compreensão dos princípios epistemológicos da FTP é fundante para desenvolver aprendizagens consistentes e coerentes com os fundamentos do movimento internacional em torno dos REA, da educação e PEA.